Ivam evaldo kussler e Marco postam sobre Gonçalves Dias - fontes citadas
I JUCA PIRAMA
nGonçalves Dias
Gonçalves Dias nasceu em Caxias - MA em 1823 foi estudante de Direito em Coimbra, Portugal.
Em 1843, escreveria o famoso poema Canção do Exílio.
Foi professor, pesquisador realizando várias viagens pelo interior do Brasil e para a Europa.
Em
1846, a publicação de Primeiros Cantos o consagraria como poeta; pouco
depois publicaria Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848) e
Últimos Cantos (1851). Neste último livro consta o poema I-Juca Pirama.
Considerado
o principal poeta da primeira geração do Romantismo brasileiro,
Gonçalves Dias ajudou a formar, com José de Alencar, uma literatura de
feição nacional, principalmente com seus poemas de temática indigenista e
patriótica.
Morreu em Baixo dos Atins - MA 1864.
nI-Juca Pirama
O
título significa (tradução do tupi) , “o que há de ser morto, e que é
digno de ser morto.” Ou simplismente, “aquele que é digno de ser morto”.
Mesmo
sendo um poema épico, encontramos todo o tempo, o lirismo espontâneo,
cheio de emoções, subjetividade e musicalidade típicas do Romantismo.
Um
indianismo idealizado, no qual o índio é ligado aos seus costumes,
integrado à natureza, honrado (quase um cavaleiro medieval) e exemplo do
“bom selvagem”.
Ao
fim e ao cabo, esse índio de Gonçalves Dias é um símbolo, uma figura
poética... Expressão do desejo dos românticos em relação ao passado
brasileiro.
Estrutura do poema:
Foco narrativo:
Narrado
na 3ª pessoa (um índio timbira) que relata para a “geração atual” as
proezas de um guerreiro tupi que esteve tempos atrás na aldeia. O
narrado é onisciente e onipresente.
É a história de um guerreiro tupi que deveria servi de comida num ritual antropofágico entre os Timbiras.
Tempo e espaço:
Uma tribo timbira, provavelmente, no interior do Brasil (Maranhão) no tempo da colonização portuguesa
Personagens:
I – Juca Pirama – índio, herói idealizado, perfeito
O velho tupi – pai de I-Juca Pirama. Símbolo da tradição (tupi)
O velho timbira – narrador e “personagem” ocular da história
Os Timbiras – tribo conhecida pela sua ferocidade e pelo canibalismo (antropofagia)
.
Forma e divisão do poema:
-Gonçalves
Dias busca na sua poesia adequar forma e conteúdo, nesse sentido,
alterna verso longo e curso, versos lentos (descrição) e versos rápidos
(ação).
-O
poema é dividido em 10 cantos como uma composição épico-dramática. Tudo
isso em função de definir um índio que simbolize os ideais de honra,
heroísmo... Desejados pelo poeta que sejam... que se tornem, enfim, o
caráter do próprio povo brasileiro.
História:
O poema narra o drama de I-Juca Pirama (aquele que vai morrer), último descendente da tribo tupi, que é feito prisioneiro de uma tribo inimiga.
Movido
pela amor filial, pois o índio tupi era arrimo de seu pai, velho e
cego, I-Juca Pirama, contrariando a ética do índio, implora ao chefe dos
timbiras pela sua libertação. O chefe timbira a concede, não sem antes
humilhar o prisioneiro.
Solto,
o prisioneiro reencontra-se com seu pai, que percebe que o filho havia
sido aprisionado e libertado. Indignado, o velho exige que ambos se
dirijam à tribo timbira, onde o pai amaldiçoa violentamente o jovem
guerreiro que ferido em seus brios, põe-se sozinho a lutar com os
timbiras.
Convencido
da coragem do tupi, o chefe inimigo pedi-lhe que pare a luta,
reconhecendo sua bravura. Pai e filho se abraçam - estava preservada a
dignidade dos tupis.
nCanto a Canto
Canto 1 -
Apresentação e descrição da tribo dos Timbiras. Como está descrevendo o
ambiente, o autor usa um verso mais lento e caudaloso, que é
hendecassílabo (onze sílabas).
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
(...)
Em tanto as mulheres com leda trigança,
Afeitas ao rito da bárbara usança,
O índio já querem cativo acabar:
A coma lhe cortam, os membros lhe tingem,
Brilhante enduape no corpo lhe cingem,
Sombreia-lhe a fronte gentil canitar,
Afeitas ao rito da bárbara usança,
O índio já querem cativo acabar:
A coma lhe cortam, os membros lhe tingem,
Brilhante enduape no corpo lhe cingem,
Sombreia-lhe a fronte gentil canitar,
Canto 2 -
Narra a festa canibalística dos timbiras e a aflição do guerreiro tupi
que será sacrificado. O poeta alterna o decassílabo (dez sílabas) com o
tetrassílabo (quatro sílabas), o que sugere o início do ritual com o
rufar dos tambores.
Que tens, guerreiro? Que temor te assalta
No passo horrendo?
Honra das tabas que nascer te viram,
Folga morrendo.
No passo horrendo?
Honra das tabas que nascer te viram,
Folga morrendo.
Folga morrendo; porque além dos Andes
Revive o forte,
Que soube ufano contrastar os medos
Da fria morte.
Revive o forte,
Que soube ufano contrastar os medos
Da fria morte.
Canto 3 - Apresentação
do guerreiro tupi – I – Juca Pirama. Sem se preocupar com rimas e
estrofação, novamente num ritmo mais lento, que se casa bem com a
apresentação feita do chefe Timbira.
"Eis-me aqui", diz ao índio prisioneiro;
"Pois que fraco, e sem tribo, e sem família,
"As nossas matas devassaste ousado,
"Morrerás morte vil da mão de um forte."
"Pois que fraco, e sem tribo, e sem família,
"As nossas matas devassaste ousado,
"Morrerás morte vil da mão de um forte."
Vem a terreiro o mísero contrário;
Do colo à cinta a muçurana desce:
"Dize-nos quem és, teus feitos canta,
"Ou se mais te apraz, defende-te." Começa
O índio, que ao redor derrama os olhos,
Com triste voz que os ânimos comove.
Do colo à cinta a muçurana desce:
"Dize-nos quem és, teus feitos canta,
"Ou se mais te apraz, defende-te." Começa
O índio, que ao redor derrama os olhos,
Com triste voz que os ânimos comove.
nCanto 4 -
I - Juca Pirama aprisionado pelos Timbiras declama o seu canto de morte
e pede aos Timbiras que deixem-no ir para cuidar do pai alquebrado e
cego. Num ritmo ligeiro, dá a impressão do rufar dos tambores.
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi. Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi. Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.
Andei longes terras
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimoréis;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes — escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimoréis;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes — escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.
E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.
Aos golpes do imigo,
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.
Meu pai a meu lado
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mi:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d’espinhos
Chegamos aqui!
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mi:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d’espinhos
Chegamos aqui!
O velho no entanto
Sofrendo já tanto
De fome e quebranto,
Só qu’ria morrer!
Não mais me contenho,
Nas matas me embrenho,
Das frechas que tenho
Me quero valer.
Sofrendo já tanto
De fome e quebranto,
Só qu’ria morrer!
Não mais me contenho,
Nas matas me embrenho,
Das frechas que tenho
Me quero valer.
Então, forasteiro,
Caí prisioneiro
De um troço guerreiro
Com que me encontrei:
O cru dessossêgo
Do pai fraco e cego,
Enquanto não chego
Qual seja, — dizei!
Caí prisioneiro
De um troço guerreiro
Com que me encontrei:
O cru dessossêgo
Do pai fraco e cego,
Enquanto não chego
Qual seja, — dizei!
Eu era o seu guia
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava,
Em mim descansava,
Que filho lhe sou.
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava,
Em mim descansava,
Que filho lhe sou.
Ao velho coitado
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? — Morrer.
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? — Morrer.
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!
Não vil, não ignavo,
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo:
Aqui virei ter.
Guerreiros, não coro
Do pranto que choro:
Se a vida deploro,
Também sei morrer.
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo:
Aqui virei ter.
Guerreiros, não coro
Do pranto que choro:
Se a vida deploro,
Também sei morrer.
Canto 5 -
Ao escutarem o canto de morte do guerreiro tupi, o chefe dos timbiras
entende ser aquilo um ato de covardia e desse modo desqualifica o índio
tupi para o sacrifício. Dando a impressão do conflito que se estabelece e
refletindo o diálogo nervoso, entre o chefe Timbira e o índio Tupi, o
poeta altera o decassílabo com versos mais ou menos livres. Não há
preocupação nem com estrofes nem com rimas.
Soltai-o! - diz o chefe. Pasma a turba;
Os guerreiros murmuram: mal ouviram,
Nem pode nunca um chefe dar tal ordem!
Brada segunda vez com voz mais alta,
Afrouxam-se as prisões, a embira cede,
A custo, sim; mas cede: o estranho é salvo.
Os guerreiros murmuram: mal ouviram,
Nem pode nunca um chefe dar tal ordem!
Brada segunda vez com voz mais alta,
Afrouxam-se as prisões, a embira cede,
A custo, sim; mas cede: o estranho é salvo.
Timbira, diz o índio enternecido,
Solto apenas dos nós que o seguravam:
És um guerreiro ilustre, um grande chefe,
Tu que assim do meu mal te comoveste,
Nem sofres que, transposta a natureza,
Com olhos onde a luz já não cintila,
Chore a morte do filho o pai cansado,
Que somente por seu na voz conhece.
- És livre; parte.
- E voltarei.
- Debalde.
- Sim, voltarei, morto meu pai.
- Não voltes!
Solto apenas dos nós que o seguravam:
És um guerreiro ilustre, um grande chefe,
Tu que assim do meu mal te comoveste,
Nem sofres que, transposta a natureza,
Com olhos onde a luz já não cintila,
Chore a morte do filho o pai cansado,
Que somente por seu na voz conhece.
- És livre; parte.
- E voltarei.
- Debalde.
- Sim, voltarei, morto meu pai.
- Não voltes!
Canto 6 -
O filho volta ao pai que não entende a demora do filho e ao pressentir o
cheiro de tinta dos timbiras que é específica para o sacrifício
desconfia do filho e obriga o filho a voltar novamente para a tribo dos
timbiras, lá descobre que o filho chorou e foi desqualificado para o
sacrifício, assim, o velho pai, não sabendo (ou entendendo) o gesto do
filho, fica chocado com ato tão vergonhoso para o povo tupi.
Reproduzindo
o diálogo entre pai e filho e também a decepção daquele, o poeta usa
decassílabo juntamente com passagens mais ou menos livres. Não há
preocupação com rimas ou estrofes.
- Tu prisioneiro, tu?
- Vós o dissestes.
- Dos índios?
- Sim.
- De que nação?
- Timbiras.
- E a muçurana funeral rompeste,
Dos falsos manitôs quebraste a maça...
- Nada fiz... aqui estou.
- Nada! -
Emudecem;
Curto instante depois prossegue o velho:
- Tu és valente, bem o sei; confessa,
Fizeste-o, certo, ou já não foras vivo!
- Nada fiz; mas souberam da existência
De um pobre velho, que em mim só vivia....
- E depois?...
- Eis-me aqui.
- Vós o dissestes.
- Dos índios?
- Sim.
- De que nação?
- Timbiras.
- E a muçurana funeral rompeste,
Dos falsos manitôs quebraste a maça...
- Nada fiz... aqui estou.
- Nada! -
Emudecem;
Curto instante depois prossegue o velho:
- Tu és valente, bem o sei; confessa,
Fizeste-o, certo, ou já não foras vivo!
- Nada fiz; mas souberam da existência
De um pobre velho, que em mim só vivia....
- E depois?...
- Eis-me aqui.
Canto 7 -
Sob alegação de que os tupis são fracos, o chefe dos timbiras não
permite a consumação do ritual. Num ritmo constante, marcado pelo
heptassílabo (sete sílabas), o poeta reproduz a fala segura do pai
humilhado e do chefe Timbira. A estrofação e as rimas são livres.
Pai:
"Por amor de um triste velho,
Que ao termo fatal já chega,
Vós, guerreiros, concedestes
A vida a um prisioneiro.
Ação tão nobre vos honra,
Nem tão alta cortesia
Vi eu jamais praticada
Entre os Tupis, - e mas foram
Senhores em gentileza.
Que ao termo fatal já chega,
Vós, guerreiros, concedestes
A vida a um prisioneiro.
Ação tão nobre vos honra,
Nem tão alta cortesia
Vi eu jamais praticada
Entre os Tupis, - e mas foram
Senhores em gentileza.
(...)
Chefe Timbira:
“Responde com tôrvo acento:
- Nada farei do que dizes:
É teu filho imbele e fraco!
Aviltaria o triunfo
Da mais guerreira das tribos
Derramar seu ignóbil sangue:
Ele chorou de cobarde;
Nós outros, fortes Timbiras,
Só de heróis fazemos pasto.
- Nada farei do que dizes:
É teu filho imbele e fraco!
Aviltaria o triunfo
Da mais guerreira das tribos
Derramar seu ignóbil sangue:
Ele chorou de cobarde;
Nós outros, fortes Timbiras,
Só de heróis fazemos pasto.
Canto 8 -
O pai envergonhado maldiz o suposto filho covarde. Para expressar a
maldição proferida pelo velho pai, num ritmo bem marcado e seguro, o
poeta usa o verso eneassílabo (nove sílabas), com rimas alternadas e
paralelas.
"Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés”. (...)
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés”. (...)
Canto 9 -
Enraivecido o guerreiro tupi lança o seu grito de guerra e derrota a
todos valentemente em nome de sua honra. Casando-se com o tom narrativo e
a reação altiva do índio Tupi, o poeta usa novamente o decassílabo com
estrofação e rimas livres.
— Basta! Clama o chefe dos Timbiras,
— Basta, guerreiro ilustre! Assaz lutaste,
E para o sacrifício é mister forças. —
— Basta, guerreiro ilustre! Assaz lutaste,
E para o sacrifício é mister forças. —
O guerreiro parou, caiu nos braços
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
"Este, sim, que é meu filho muito amado!
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
"Este, sim, que é meu filho muito amado!
"E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,
"Corram livres as lágrimas que choro,
"Estas lágrimas, sim, que não desonram."
"Corram livres as lágrimas que choro,
"Estas lágrimas, sim, que não desonram."
Canto 10 -
O velho Timbira ( narrador ) rende-se frente ao poder do tupi e diz a
célebre frase: "meninos, eu vi". O poeta fecha o poema, de forma
harmoniosa e ordenada, o que reflete o fim do conflito e a serenidade
dos espíritos.
Um velho Timbira, coberto de glória,
Guardou a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Dizia prudente: — "Meninos, eu vi!
Guardou a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Dizia prudente: — "Meninos, eu vi!
"Eu vi o brioso no largo terreiro
Cantar prisioneiro
Seu canto de morte, que nunca esqueci:
Valente, como era, chorou sem ter pejo;
Parece que o vejo,
Que o tenho nest’hora diante de mi.
Cantar prisioneiro
Seu canto de morte, que nunca esqueci:
Valente, como era, chorou sem ter pejo;
Parece que o vejo,
Que o tenho nest’hora diante de mi.
"Eu disse comigo: Que infâmia d’escravo!
Pois não, era um bravo;
Valente e brioso, como ele, não vi!
E à fé que vos digo: parece-me encanto
Que quem chorou tanto,
Tivesse a coragem que tinha o Tupi!"
Pois não, era um bravo;
Valente e brioso, como ele, não vi!
E à fé que vos digo: parece-me encanto
Que quem chorou tanto,
Tivesse a coragem que tinha o Tupi!"
Assim o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava prudente: "Meninos, eu vi!".
Guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava prudente: "Meninos, eu vi!".
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